“Porque Deus amou ao mundo de
tal maneira, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna” (cf. João 3:16)
Esse versículo que você acabou de ler é,
provavelmente, a passagem mais conhecida de toda a Bíblia. Mas talvez seja uma
das menos bem compreendidas. Transmite exatamente a realidade do amor de Deus
até mesmo pelo maior dos pecadores, ao ponto e dar o Seu único filho pela
redenção da humanidade. Além de ser um dos textos mais belos de toda a Bíblia,
ele nos apresenta uma realidade que veremos a partir de agora: A Realidade dos dois Destinos.
Vida e Cessação de vida (não-vida) – Em
João 3:16, Cristo afirma que Deus o enviou para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha uma vida eterna. Aqui contrastam-se dois
destinos finais, mas não entre vida eterna e tormento eterno, nem tampouco
entre vida eterna no Céu ou no inferno, mas entre vida e morte, entre perecer
ou viver eternamente. É evidente que o “perecer” não pode indicar aqui um prosseguimento
eterno de existência, porque está em contraste
com uma vida eterna, ou seja, com uma existência sem fim. Portanto,
“perecer”, neste contexto, não está em um sentido meramente espiritual, como
“entrar em ruína” ou “perder-se”, queimando eternamente num inferno, mas no
sentido de cessação de vida, dando razão ao contraste que aqui é estabelecido.
A realidade dos dois destinos é evidente,
são dadas duas escolhas para a humanidade: ou você tem uma vida eterna
(imortalidade) que é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10), ou... você “perece”.
O contraste é exatamente entre a vida e a morte, não como uma simples morte
espiritual com uma existência eterna e infindável, mas como literalmente uma
destruição completa na qual passam os ímpios em contraste com uma
imortalidade que é por meio do evangelho.
É morte como a cessação de vida, como a
não-vida. Essa é a realidade entre os dois destinos: imortalidade ou mortalidade. Isso explica o porquê que a
imortalidade é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10) e o porquê dela ter que ser
buscada (cf. Rm.2:7): porque nem todos alcançam a imortalidade, mas somente
aqueles que a atingem por meio de Cristo se fazem dignos de receber este dom de
Deus. Aqueles que desprezam o evangelho não tem uma imortalidade e nem uma vida
eterna em algum lugar, pois a imortalidade é mediante o evangelho (cf.
2Tm.1:10).
O destino destes é “perecerem”, e não de
“viverem eternamente” em algum lugar. Evidentemente a destruição dos ímpios não
pode ser eterna em duração porque é impossível imaginarmos um processo eterno,
infinito e inconclusivo de destruição. A destruição presume aniquilamento,
morte no sentido de cessação de vida. Apenas “aquele
que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (cf. 1Jo.2:17). Se
alguém não faz a vontade de Deus, não permanece para sempre, não obtém uma
eternidade. Isso explica o porquê da vida eterna ser considerada um dom de Deus
(cf. Rm.6:23), e nenhum ímpio tem um dom divino para viver eternamente em algum
lugar.
Apenas aqueles que comem o pão da vida
viverão eternamente (cf. Jo 6:51), e é inconcebível pensar que todos os ímpios
desfrutam abundantemente do pão da vida para viverem eternamente em algum lugar
herdando também o dom da imortalidade concedido apenas por meio do evangelho.
Os dois destinos que são apresentados em João 3:16 se opõe contrastivamente
entre a imortalidade concedida como um dom aos justos e a destruição completa
dos ímpios no juízo final, denotando a total cessação de existência.
O
contraste é entre vida e não-vida, entre imortalidade e destruição, entre a
vida eterna e a cessação de vida. Tal contraste também é acentuado pelo
próprio Deus no livro de Ezequiel: “Ele não morrerá
por causa das iniquidades do seu pai, certamente viverá” (cf. Ez.18:17). Aqui a morte não é para essa vida,
pois todos morrem para esta vida, tanto justos como ímpios. Deus está falando,
evidentemente, do destino final do homem. Nem todos alcançarão a vida:
“Uma vez que o filho fez o
que é justo e direito e teve o cuidado de obedecer a todos os meus decretos,
com certeza ele viverá. A alma que
pecar é que morrerá” (cf. Ezequiel
18:19,20)
“Mas, se um ímpio se desviar
de todos os pecados que cometeu e obedecer a todos os meus decretos e fizer o
que é justo e é direito, com certeza viverá,
não morrerá”
(cf. Ezequiel 18:21)
“Teria eu algum prazer na morte do ímpio? Palavra do Soberano, o
Senhor. Ao contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver? Se, porém, um justo se desviar
de sua justiça, e cometer pecados e as mesmas práticas detestáveis dos ímpios, ele deverá viver? Nenhum de seus atos
de justiça será lembrado! Por causa de sua infidelidade de que é culpado e por
causa dos pecados que ele cometeu, ele
morrerá”
(cf. Ezequiel 18:23,24)
“Se um justo desviar-se de
sua justiça e cometer pecado, ele
morrerá por causa disso, por causa do pecado que ele cometeu ele morrerá.
Mas, se um ímpio se desviar de sua maldade e fizer o que é justo e direito, ele salvará a sua vida. Por considerar
todas as ofensas que cometeu e se desviar delas, ele com certeza viverá, não morrerá” (cf. Ezequiel 18:16,28)
Considerar nessas passagens a morte não
como a cessação de vida, mas como uma existência eterna, é ferir o texto
bíblico que usa morte como antítese de “vida”, que apenas os justos obterão,
ainda mais tendo em vista que o justo “salvará a
sua vida” (cf. Ez.18:17). Para alguém salvar a vida, consequentemente
existe outra opção: a cessação de vida. Se o sentido de vida é literal e é
usada em contraste com a “morte”, então esta é literal também. Qualquer coisa
que seja usada em contraste com vida, não é uma vida!
A morte aqui não pode ser apenas uma
“separação” ou uma meramente espiritual, mas com uma existência eterna, pois
isso seria ferir o texto bíblico que usa morte como antítese de “vida”, que apenas os justos possuem. Se alguém
não tem vida, chamamos isso exatamente de “cessação de vida”. É o fim total da
existência humana. Isso fica mais do que claro em Ezequiel, no capítulo 18, do
verso 17 ao verso 32, onde nitidamente o contraste é entre vida versus não-vida (cessação de vida).
Também a “morte” e “vida” aqui mencionadas
não podem tratar-se desta presente vida, pelo simples fato de que todos os
justos perecem e morrem para esta vida. É uma clara referência entre os
destinos finais oferecidos aos seres humanos entre a vida e a morte como a
cessação de vida. Também no verso 17 lemos que se um pecador se desviar de sua
maldade e fizer o que é direito, ele “salvará a sua... vida”. É evidente que para alguém salvar a sua vida ele tem que
ter a opção de não ter vida (não-vida). É a morte claramente identificada como
a cessação total da vida.
O mais importante dessas passagens, porém,
fica por conta de que ela não expressa um simples pensamento da época, mas é o
próprio Deus vivo falando pela boca dos seus profetas. Através do profeta
Ezequiel, Deus desmonta com todas as pretensões dos imortalistas, afinal, “porque deveriam morrer, ó nação
de Israel? Pois não me agrada a morte de ninguém! Palavra do Soberano, o
Senhor! Arrependam-se e vivam!” (cf. Ez.18:31,32). Israel já estava morto espiritualmente, o que
fica nítido na descrição dos ossos secos
(cf. Ez.37:1), portanto a “morte” que aqui se refere não é uma morte meramente
espiritual, mas morte no sentido de cessação de vida, em contraste com a vida eterna.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
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