Desmistificando a lenda de uma alma imortal

14 de dezembro de 2012

Os dois juízos e a recompensa imediata


O infalível Concílio de Trento declarou isso com relação ao julgamento e ao momento de retribuição e recompensa: 

Quando morremos, experimentamos o que se chama o juízo individual. A Escritura diz que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo" (Heb. 9:27). Somos julgados imediatamente e recebemos a nossa recompensa, para bem ou mal. Sabemos ao mesmo tempo qual será o nosso destino final. No fim dos tempos, quando Jesus voltar, virá o juízo geral ao qual a Bíblia se refere, por exemplo, em Mateus 25:31-32: "Quando o filho do homem vier na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. Diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como um pastor separa as ovelhas dos cabritos." Neste juízo geral todos os nossos pecados serão revelados publicamente (Lucas 12:2-5)” (Concílio de Trento, Decreto sobre o Purgatório, Denzinger # 983)

Portanto, para o catolicismo romano, há duas coisas muito interessantes que devemos entender: 

1. Existem não um, mas dois juízos. Um é chamado por eles de “juízo individual”, e o outro de “juízo geral”. De onde eles tiraram essa ideia, isso eu não sei. 

2. A nossa recompensa é imediata ao primeiro juízo (o chamado “juízo individual”). 

Então, tendo em vista estes fatos, cabe então perguntarmos aos católicos que sustentam essa heresia: 

1. Para que e com que finalidade serve o segundo juízo, se a recompensa e a entrada no Céu ocorrem imediatamente após o primeiro juízo? Se eu já recebi a recompensa no Céu ou a minha condenação, eu preciso ser julgado de novo para que? O que é que iria mudar na minha vida com este tal “segundo juízo”? 

2. Tendo em vista que Trento afirma que a nossa retribuição é imediata ao primeiro juízo “seja para o bem ou para o mal”, pergunto: se alguém fosse condenado ao inferno, e lá ficasse durante um longo período de tempo, qual seria a razão para tirar tal pessoa do inferno, mandar para o julgamento, voltar a ser condenada de novo sendo que já estava condenada, e então voltar a queimar nas chamas do “fogo eterno” do mesmo jeito que estava antes?

3. O juízo individual é irrevogável e conclusivo? Se sim, por que há um segundo juízo? Se a sorte de ímpios e justos já está decidida no primeiro juízo, pra que serve o segundo? Ou será que Deus não foi capaz de se decidir no primeiro juízo e precisou de um segundo para pensar no caso com mais atenção? Qual é a lógica em tirar alguém do Céu ou do inferno sendo que já foi condenado ou conduzido a tal lugar por julgamento, para reconduzi-lo a um novo julgamento que não irá mudar absolutamente nada das coisas, para depois o veredicto ser o mesmo e voltar para o mesmo lugar de antes? 

4. Se já está existindo um juízo particular para cada pessoa que vai morrendo, e, portanto, milhões de pessoas já passaram pelo juízo, por que Paulo disse que ninguém já foi julgado, ao dizer: em que Deus há de julgar os segredos dos homens” (Rm.2:16), e também: “Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou” (At.17:31)? Por que Paulo nunca disse que Deus já está julgando os homens, mas sempre colocava o dia do juízo como um acontecimento futuro, quando Deus “há de julgar”, e não “está julgando”? Por que ele diz que Deus estabeleceu um dia em que há de julgar” (At.17:31), se Ele já está julgando há tanto tempo? 

5. Por que Paulo disse que os segredos do coração serão desvendados somente no momento do Dia do Juízo Final, lançado para um acontecimento futuro (Rm.2:16; 1Co.3:13)? Se a pessoa já foi condenada ou recompensada, não seria mais coerente dizer que a sorte dela já foi decidida?

6. Se a recompensa ocorre imediatamente após o juízo individual que ocorre imediatamente após a morte, e não somente por ocasião da ressurreição dentre os mortos, então por que Jesus disse que “a sua recompensa virá na ressurreição dos justos (Lc.14:14)? Se sabemos que a ressurreição só ocorre na segunda vinda de Cristo, como os próprios católicos admitem oficialmente, então por que Cristo disse que a recompensa é neste momento da ressurreição, quando na verdade deveria ser logo depois da morte? É Jesus quem falhou em dizer que a recompensa é na ressurreição (e não imediatamente após a morte) ou são os católicos que falham em dizer que antes da ressurreição já está todo mundo recompensado? 

7. E o que deveríamos fazer com Daniel, para quem Deus disse: “Quanto a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansará, e então, no final dos dias, você se levantará para receber a herança que lhe cabe” (Dn.12:13)? Se a recompensa ocorre imediatamente após a morte neste “juízo individual”, então por que Deus disse a Daniel que ele só receberia a herança dele no fim dos tempos, já depois que “descansasse” (morresse) e “levantasse” (ressuscitasse)?

8. E o que devemos falar do apóstolo Paulo, que disse: “Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda” (2Tm.4:8)? Por que Paulo aponta a segunda vinda de Cristo (ressurreição) como sendo o momento em que a coroa da justiça que lhe estava reservada lhe seria entregue, “naquele dia”? Se a recompensa é imediatamente após a morte, então por que seria somente “naquele dia”, na segunda vinda de Cristo, que Paulo obteria sua coroa da justiça?
9. Se os mortos já foram individualmente julgados, então por que Paulo diz a Timóteo exatamente o contrário? Ele afirma: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos na sua vinda e no seu Reino, eu o exorto solenemente” (2Tm.4:1)? Note que Paulo diz claramente que os mortos não foram julgados ainda, mas só serão julgados na segunda vinda de Cristo. Jesus “há de julgar” os mortos, o que significa que eles não foram julgados ainda. Como conciliar isso com o fato do Concílio de Trento dizer que os mortos já foram julgados e ainda serão julgados de novo? 

10. Se a passagem Mateus 25:31,32 deve ser usada como “prova” do juízo geral que ocorre na segunda vinda de Cristo (como recorre o Concílio de Trento), então por que há sinais claros de que os que estarão sendo julgados ali ainda não entraram no Céu, pois Cristo diz para eles tomarem posse do Reino naquele momento, e ninguém vai “herdar” algo que já herdou? Se os mortos ali já estavam no Céu e já estavam recompensados, por que Jesus teve que tirá-los do Céu, julgar todo mundo junto e de novo, para depois dizer que vai herdar o Reino aqueles que já estavam no Reino e que nem precisavam ter saído de lá, pois de qualquer jeito não mudaria nada?
Essas e outras questões jogam no chão a confusa doutrina católica sobre o Juízo, que é uma verdadeira Babel, uma total confusão, uma mistura de passagens bíblicas tão descontextualizadas e desconexas que elas mesmas atestam contra a própria doutrina de Roma que faz uso delas, entrando em contradições de primeira ordem com uma série de eventos escatológicos e passagens bíblicas.  

Realmente, quem criou a doutrina do Juízo na Igreja Católica deve ter sérias dificuldades de interpretação de textos simples, carecendo inteiramente de um mínimo de coerência e bom senso. A verdade bíblica, que está apoiada por todos os pontos que eu levantei acima e que não entra na Babel de confusões e delírios que a doutrina católica do Juízo entra, é que existe um só Juízo, este que não aconteceu ainda, mas está para acontecer na ressurreição dos mortos e segunda vinda de Cristo 

Neste momento, cada um será julgado de acordo com aquilo que fez e irá ser condenado ao inferno ou recompensado no Reino de Deus. Pensar em algo diferente disso, por menor que seja, implica em cair em toda uma série de contradições que já acabamos de conferir, puramente por um desconhecimento bíblico primário.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli.


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