O lago de fogo – Muita confusão tem sido feita em
torno do “lago de fogo”, mencionado em Apocalipse como sendo onde os ímpios
terão a devida paga, a “segunda morte”
(cf. Ap.20:14). O lago de fogo não é um lugar onde as almas passam a eternidade
queimando, o lago de fogo é a linguagem expressa por João para a morte final
dos pecadores, a morte definitiva e irreversível (cf. Ap.20:14).
Como diz Bacchiocchi:
“Para os salvos, a ressurreição
marca o galardão de outra vida mais elevada, mas para os perdidos marca a
retribuição de uma segunda morte que é final. Como não há mais morte para os
remidos (Apocalipse 21:4), assim não há mais vida para os perdidos (Apocalipse
21:8). A ‘segunda morte’, então, é a morte final e irreversível. Interpretar a
frase de outro modo, como um tormento eterno e consciente ou separação de Deus,
nega o significado bíblico da morte como uma cessação de vida”[1]
O lago de fogo é a segunda morte, é a morte física e
espiritual, a morte final e irreversível. O lago de fogo é a morte da própria
morte!
“Então a morte e o Hades
foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte” (cf.
Apocalipse 20:14)
Será a morte da
morte!
O lago de fogo não é um lugar onde pessoas não-salvas passam a eternidade entre as chamas,
mas é a morte da morte, é
figurativamente a linguagem do completo fim a tudo: incluindo o Hades
(sepultura) e a própria morte. Ignorar isso para seguir a crença popular de que
o lago de fogo é um lugar que queima almas eternamente é desprezar o poder da
morte sobre a morte. Em outras palavras, se a morte e a sepultura são tragadas
pela “segunda morte” (lago de fogo), essa segunda morte tem que ser a morte
final e definitiva, e não um prosseguimento eterno de existência. João
trabalhava com figuras de linguagem no Apocalipse, e dentro dessa simbologia
ele próprio nos dá alguns significados que nos auxiliam na compreensão textual
do livro, e dentre eles destaca que o lago de fogo não é um lugar, mas é a segunda morte, é onde a própria morte
será lançada.
A morte, em si, não é um lugar, mas uma condição de quem está morto, sem vida.
Se o lago de fogo é a segunda morte, ele também não pode ser um lugar, mas deve ser uma condição, assim como a primeira morte. Assim
como a primeira morte foi personificada por João no Apocalipse, como o “cavaleiro chamado morte” (cf. Ap.6:8), o que
obviamente não significa que a morte seja literalmente um homem montado em um
cavalo, da mesma forma a segunda morte foi personificada na imagem do “lago de
fogo”, o que também obviamente não implica que o lago de fogo seja literalmente
um lugar físico que existirá na
terra.
Além disso, o fato de a morte ser lançada no lago de fogo
prova que de fato este lago de fogo não é um lugar físico ou real, pois a morte
em si mesma não é um lugar, mas apenas uma condição de quem está morto, e não
há sentido em uma condição ser
lançada em um lugar real. É evidente que, se a primeira morte é uma condição e não um lugar físico real, a segunda
morte também é uma condição e não um lugar real, para dar sentido ao texto. Se,
portanto, o lago de fogo não é um local físico e real, mas uma alegoria que o
próprio João explica o significado e diz se tratar da segunda morte, é claro
que os ímpios não passarão a eternidade nele, como pensam os imortalistas.
Ademais, seria um absurdo acreditar que o Hades é o
“inferno”, como vertem algumas traduções[2]
(já vimos ao longo de todo este livro que se trata apenas de uma figura da
sepultura), pois se o Hades fosse o inferno e o lago de fogo também, teríamos
um inferno sendo lançado dentro de outro inferno, um lago de fogo literal e
físico sendo lançado dentro de outro lago de fogo literal e físico! Isso é um
completo absurdo, o texto só faz sentido se de fato o Hades não é um lugar físico, mas uma figura simbólica da sepultura, e junto
com a morte (que também não é um local físico) estar sendo lançada no lago de
fogo (que também não é um lugar físico, mas a segunda morte).
Desta forma, tudo estaria sendo perfeitamente representado
aqui. A “morte da morte” é na verdade é demonstração de que a primeira morte não
era irreversível e definitiva, por causa da ressurreição futura para justos e
ímpios. A segunda morte, por sua vez, é final e conclusiva, pois não há mais
volta nem ressurreição para quem morre outra vez. É um fim completo, absoluto,
irrevogável, sem volta, é para sempre. Isso explica perfeitamente a linguagem
de “a morte ser lançada no lago de fogo que é a segunda morte”, isto é, da
“morte da morte”, pois não há mais vida ou existência para quem é lançado no
lago de fogo, mas apenas uma final, definitiva e irreversível morte.
Crer que o lago de fogo é um lugar para onde vão os não-salvos passar a eternidade é negar o
fato de o lago de fogo ser a segunda morte (se a primeira morte não é um lugar, por que a segunda morte seria um lugar?), é negar o fato de ser a “morte da
morte” (i.e, uma morte final e irreversível, e não um tormento eterno com
permanência de vida para sempre) e é inferir também que nunca haverá uma morte final, a “morte da morte”, um fim absoluto
de existência para aqueles que sofrem o dano da segunda morte, pois para sempre
existiriam ímpios e demônios queimando conscientemente em vida neste lugar.
Isso sem mencionar o absurdo de se crer em um inferno
literal sendo lançado dentro de um lago de fogo igualmente real e literal, o
que só faz sentido na imaginação fértil de alguns imortalistas, que são
obrigados a chegarem a essa conclusão por causa de seus conceitos completamente
errôneos sobre o significado do Hades e do lago de fogo.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
Extraído de meu livro: “A
Lenda da Imortalidade da Alma”
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- Preterismo em Crise (Refutando o Preterismo Parcial e Completo)
Mas como entender "e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre" ?
ResponderExcluirEu tbm queria entender essa parte :/
ExcluirVeja aqui:
Excluirhttp://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2012/12/o-apocalipse-e-o-tormento-eterno.html
F. F. Bruce, um dos maiores apologistas do século XX e considerado o "fundador da apologética moderna", comentou o seguinte sobre Apocalipse 20:10:
ResponderExcluir"Os dois prisioneiros anteriores evidentemente ainda estão aí, pois,
junto com seu novo companheiro, serão atormentados dia e noite, para todo o sempre. Visto que a besta e o falso profeta são figuras representativas de sistemas, e não de indivíduos, está em vista aqui evidentemente a destruição definitiva do mal" (Comentário Bíblico NVI, F. F. Bruce, sobre Apocalipse 20:10, pág. 2255)
O problema é que as pessoas tem a tendência de ler o Apocalipse com uma lente literal. Isso arruína toda a interpretação. O Apocalipse não é um livro fundamentalmente literal, mas uma obra repleta de hipérboles, figuras de linguagem, simbolismos, alegorias, etc. Basta ler o Apocalipse do início ao fim para perceber isso. Se você quiser ler, há um resumo meu sobre o Apocalipse aqui:
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/06/um-resumo-completo-do-apocalipse.html
Abraços.
E qual será o destino do lago de fogo, quando todos os impios forem aniquilados? Ele também será aniquilado?
ResponderExcluirA frase "faço novas todas as coisas" poderia significar o aniquilamento do lago de fogo?
Os salvos continuarão tendo livre arbítrio depois do juízo final? Isso não poderia representar a possibilidade de que o mal pudesse tornar a acontecer, necessitando, assim, de outro lago de fogo? Ou será que o lago de fogo representa a extinção até da possibilidade do pecado e do mal?
Grato!
O lago de fogo não é um "lugar" para ser aniquilado, ele é A PRÓPRIA aniquilação, a "segunda morte" (Ap.20:14). O "faço novas todas as coisas" é só a demonstração de que o processo de aniquilação já foi consumado, e agora não há mais mal.
ResponderExcluirOs salvos terão livre-arbítrio depois, mas não haverá pecado, porque a glória de Deus envolverá cada ser humano de tal maneira que não haverá nenhuma inclinação carnal nos indivíduos. Levando em consideração que nós só pecamos porque temos vontade de pecar, e que na eternidade não teremos vontade de pecar, não haverá pecado (i.e, ainda que isso seja ontologicamente possível, é algo que jamais será concretizado).
O que dizer do versiculo que diz que na Jerusalem Celestial nao havera mais morte (Ap 21:4).
ResponderExcluirIsso poderia indicar a nao existencia mais da segunda morte?
A segunda morte em si JÁ É a inexistência. Quando o texto bíblico diz que não haverá mais morte no estado eterno, se refere obviamente àqueles que ainda estão vivos, ou seja, aos salvos, que não morrerão jamais. Não tem sentido dizer que os já mortos não vão morrer, exceto se eles estivessem vivos ainda (mas não estarão). Abraços.
ResponderExcluirUma pergunta: depois de tudo isso, haverá ainda vida terrena? Ou seja, os seres humanos continuarão procriando na terra?
ResponderExcluirHaverá vida, mas não procriação (veja Marcos 12:25).
ResponderExcluirOk. Mas Marcos 12.25 está relacionado com a ressurreição dos justos. A formação da igreja está envolvida; tudo bem. Mas no fim do Milênio haverá pessoas na terra, certo? Ai o Diabo é lançado no Lago de Fogo e vem depois o Juízo Final. E essas pessoas vivas do final do milênio. Continuarão como seres humanos aptos para viver nessa terra ou outra; ou eles terão seus corpos transformados e serão agregados a igreja.
ResponderExcluirAs pessoas vivas ao final do milênio permanecem vivas para o estado eterno na nova terra, mas elas já terão corpos glorificados desde o início do milênio, que é quando ocorre a ressurreição dos justos.
ResponderExcluirO que vc pode explicar sobre a parte final desse versículo, que diz que eles serão atormentados dia e noite?
ResponderExcluir0 O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.
Primeiro: Apocalipse é um livro alegórico, não literal.
ResponderExcluirSegundo: a "besta", que também aparece sendo lançada no lago de fogo, é um SISTEMA e não uma pessoa, e um sistema não pode ser "atormentado" pra sempre. O sentido é apenas de que será destruído eternamente.
Terceiro: um verso antes disso, diz que os ímpios serão todos CONSUMIDOS pelo fogo. Os imortalistas não creem que os ímpios serão consumidos. Se este verso pode ser interpretado alegoricamente, por que o verso seguinte (o que você citou) também não pode?
Quarto: há numerosos textos bíblicos onde o "aion" (para sempre) tem um fim. O grego não é igual o português, que não abre espaço para outras interpretações. Aion também pode ter o sentido de tempo indefinido, ou simplesmente de um tempo grande.
Escrevi sobre isso aqui:
http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2012/12/o-apocalipse-e-o-tormento-eterno.html
Abs.
Lucas se gloria de Deus nos envolvera para não pecarmos mais por que satanas se rebelou contra Deus no reino celeste.
ResponderExcluirDeus retirou a proteção temporariamente para testar a lealdade dos anjos no Céu, a fim de que só ficassem com Ele aqueles que se demonstrassem fieis e dignos.
ExcluirEsta mas claro que existirá um lago de fogo literalmente para executar a extinção dos pecadores que será a segunda morte pois a bíblia nos diz que os salvos e os perdidos irão ressuscitar com os corpos para serem queimado e assim serem consumidos creio que o lago de fogo sera o instrumento pra a aniquilação total e definitiva dos perdidos.
ResponderExcluirDepois de ler todo o artigo, eu pude compreender verdadeiramente o que é o inferno, cheguei a conclusão de que eu fui enganado, mal ensinado, todo esse tempo .. Obrigado por nos revelar a verdade.
ResponderExcluirNão há de que, abraços!
ExcluirDesculpe querido, não é nada pessoal mas qual denominação cristã vc faz parte?
ResponderExcluirSou da Comunidade Cristã Vineyard.
ExcluirA respeito de haver choro e ranger de dentes pros que ficarem fora?
ResponderExcluirOnde se encaixa?
É no tempo de castigo temporário e proporcional no geena, antes do aniquilacionismo dos ímpios.
ExcluirPerfeito Lucas, seu artigo me ajudou bastante na pesquisa sobre o inferno Literal. Era católico mais não acreditava que deus era mal, pois era assim que eu o via. para mim e para muitos adorávamos a Deus por medo e não por amor, mais depois que descobrir a farsa do inferno aprendi a amar a Deus de coração. Ainda não faço parte de nenhuma designação cristã, mais estudando vi que Vineyard, adventistas e as Testemunhas de Jeová que ensinam a verdade sobre essa farsa. Parabéns.
ResponderExcluirObrigado!
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