Desmistificando a lenda de uma alma imortal

13 de agosto de 2013

Um espírito não tem carne e ossos


Depois que Jesus ressuscitou, ele apareceu aos discípulos, que se assustaram, pensando estar vendo um espírito, ao que ele responde dizendo que um espírito não tem carne e ossos como ele tinha:

"E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho" (cf. Lucas 24:36-39)

Para os imortalistas, se Jesus cresse na mortalidade da alma teria dito que não existia espírito, e não que um espírito não tem carne e osso. A resposta para essa alegação imortalista é muito simples: Jesus não poderia ter dito que não existem espíritos pela simples razão de que os anjos (bem como os demônios) são espíritos (cf. Hb.1:14), assim como o próprio Deus (cf. Jo.4:24).

Portanto, se Jesus simplesmente dissesse que "não existem espíritos" ele estaria negando a existência de Deus, dos anjos e dos demônios. Tudo aquilo foi fruto do desespero momentâneo dos discípulos de Cristo ao ver alguém misteriosamente entrando "do nada" no meio da casa, que estava "com as portas fechadas" (cf. Jo.20:26), sem chances de algum desconhecido "aparecer" no meio deles. Então, no pânico, eles pensaram "estar vendo um espírito", que poderia ser um anjo do bem ou do mal, ou até mesmo um fantasma, como ocorreu em outra ocasião, em que os discípulos pensaram estar vendo um fantasma na hora do pânico, ao ver o mesmo Jesus andando por sobre as águas:

"E, vendo que se fastigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da quarta vigília da noite aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria passar-lhes adiante. Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, acharam que era um fantasma, e deram grandes gritos" (cf. Marcos 6:48,49)

Qualquer um sabe que fantasmas não existem de verdade. E eu tenho certeza que na teologia dos apóstolos também não havia lugar para tal crendice popular. Mas, na hora do desespero, eles gritaram apavorados, confundindo Jesus com um "fantasma", ainda que fantasmas não existam. Da mesma forma, quando Jesus apareceu "do nada" dentro da casa onde eles estavam reunidos a portas fechadas, o pânico tomou conta dos discípulos de tal forma que eles, a exemplo da ocasião anterior em que pensavam estar vendo um "fantasma", acharam que era um "espírito".

Nada indica se esse "espírito" que eles achavam que Jesus era fosse um espírito humano incorpóreo, como creem os imortalistas, pois anjos e demônios também são espíritos, e na hora do desespero até fantasmas (que são popularmente conhecidos como sendo espíritos) eram cridos pelos discípulos, o que não implica na existência real deles. Esse "ser" que eles achavam estar vendo podia ser, na imaginação deles, qualquer coisa, visto que por várias ocasiões as pessoas não reconheceram Jesus, como no alto mar (cf. Mc.6:48,49), na travessia de Emaús (cf. Lc.24:16), ou na pescaria que também ocorreu depois da ressurreição (cf. Jo.21:4):

"E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não reconheceram que era Jesus" (cf. João 21:4)

"Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que não o reconhecessem" (cf. Lucas 24:16)

"E, vendo que se fastigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da quarta vigília da noite aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria passar-lhes adiante. Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, acharam que era um fantasma, e deram grandes gritos" (cf. Marcos 6:48,49)

Portanto, podemos ver que:

• Os discípulos estavam apavorados, como quando pensavam estar vendo um fantasma, pois não é normal que uma pessoa entre "do nada" no meio de uma casa que estava às portas fechadas, com medo dos romanos.

• Os discípulos, como em outras ocasiões, não estavam reconhecendo Jesus.

• No desespero e sem reconhecer quem era, pensaram que era um "espírito", semelhantemente a quando creram que estavam vendo um "fantasma" na outra ocasião.

• Não é possível precisar ao certo que tipo de espírito eles acreditavam que era no momento do pânico, visto que anjos e demônios também são espíritos, e que crendices populares como fantasmas também são considerados como sendo espíritos.

• Jesus, por sua vez, não poderia responder dizendo que "espíritos não existem", pois estaria negando a existência de espíritos que realmente existem, como anjos, demônios e o próprio Deus, que é espírito. Não é porque existem determinadas crendices populares falsas (como a crença em fantasmas e em espíritos humanos desencarnados, como no espiritismo) que não existe nenhum tipo de espírito.

• Ao dizer que um espírito não tem carne nem ossos, Jesus acalmou os ânimos dos discípulos, para que não mais pensassem estar vendo algum ser misterioso, como um fantasma ou algum espírito do mal. É muito pouco provável que os discípulos acreditassem que se tratasse do próprio Senhor Jesus em forma incorpórea, pois se os discípulos tivessem identificado Jesus ali, ainda que em forma incorpórea, teriam ficado felizes, jubilosos, exultantes ao reverem o Mestre. Se eles ficaram com medo e pensaram estar vendo "um espírito", é porque eles não reconheceram Jesus, a não ser que tivessem medo de Jesus! Evidentemente, o medo deles não era se Jesus estava em estado corpóreo ou incorpóreo, mas sim se aquilo que eles viam fosse alguma coisa digna de medo, como quando eles achavam estar vendo um fantasma e se amedrontaram, porque não sabiam que era Cristo.

Concluindo, não há absolutamente nada conclusivo em Lucas 24:39 que ao menos indique que a alma humana é imortal. Todo o texto pode ser perfeitamente entendido e plenamente assimilado tendo em vista a ótica mortalista e bíblica, sem a necessidade de implicar na existência de um elemento eterno e que sobreviva com consciência à parte do corpo após a morte. Os imortalistas tem que, a todo custo, forçar a interpretação da passagem para que favoreça a interpretação deles. O espírito não pode ser outra coisa senão um espírito humano, os discípulos não poderiam estar enganados pelo pânico como quando achavam estar vendo um fantasma, e Jesus tinha que ter dito que espíritos não existem, mesmo que isso fosse impossível já que anjos, demônios e o próprio Deus são espíritos. Tudo isso fruto da misteriosa forma de formular argumentos, inventada pelos imortalistas.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

Extraído de meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma"


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2 comentários:

  1. O que dizer da ressurreição dos mortos? Como eles ressuscitarão: com o mesmo corpo com que morreram ou com corpos imortais, semelhantes ao corpo que Jesus ressuscitou?
    Paulo fala em corpos corruptíveis e incorruptíveis, quando cita a ressurreição. O que você pensa a respeito disso para justos e injustos? Haverá diferença entre o corpo de um e de outro na ressurreição?
    Será que os injustos poderiam ressuscitar com corpos incorruptíveis (no sentido de morte física) e serem destruídos no lago de fogo, pois a segunda morte tem poder para matar corpo e alma?
    Obrigado.

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  2. Sobre o corpo da ressurreição, veja este artigo:

    http://ocristianismoemfoco.blogspot.com.br/2015/07/ressuscitaremos-em-carne-ou-em-corpo.html

    Em relação aos ímpios, eles não terão corpos incorruptíveis e imortais, o que fica bastante claro pelos seguintes textos:

    "Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade" (Romanos 2:7)

    Se a imortalidade precisa ser BUSCADA, é porque nem todos serão imortais.

    Vamos ao próximo:

    "Sendo agora revelada pela manifestação de nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho" (2a Timóteo 1:10)

    Se a imortalidade só é conquistada POR MEIO DO EVANGELHO, então aqueles que estão fora do evangelho (salvação) não serão imortais.

    Vamos ao próximo:

    "Quem semeia para a sua carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gálatas 6:8)

    Só os justos colherão vida eterna, e os demais colherão CORRUPÇÃO, o que é o oposto a herdar um corpo incorruptível.

    Conclusão: só os justos ressuscitarão em corpos glorificados, espirituais, imortais e incorruptíveis. Os ímpios ressuscitarão em corpos naturais, carnais, mortais e corruptíveis.

    Abraços.

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