Depois
que Jesus ressuscitou, ele apareceu aos discípulos, que se assustaram, pensando
estar vendo um espírito, ao que ele responde dizendo que um espírito não tem
carne e ossos como ele tinha:
"E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se
apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que
viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por
que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus
pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem
ossos, como vedes que eu tenho"
(cf. Lucas 24:36-39)
Para os imortalistas,
se Jesus cresse na mortalidade da alma teria dito que não existia espírito, e não que um
espírito não tem carne e osso. A resposta para essa alegação imortalista é
muito simples: Jesus não poderia ter dito que não existem espíritos pela
simples razão de que os anjos (bem como os demônios) são espíritos (cf.
Hb.1:14), assim como o próprio Deus (cf. Jo.4:24).
Portanto, se
Jesus simplesmente dissesse que "não existem espíritos" ele estaria
negando a existência de Deus, dos anjos e dos demônios. Tudo aquilo foi fruto
do desespero momentâneo dos discípulos de Cristo ao ver alguém misteriosamente
entrando "do nada" no meio da casa, que estava "com as portas fechadas" (cf. Jo.20:26),
sem chances de algum desconhecido "aparecer" no meio deles. Então, no
pânico, eles pensaram "estar vendo um espírito", que poderia ser um
anjo do bem ou do mal, ou até mesmo um fantasma, como ocorreu em outra ocasião,
em que os discípulos pensaram estar vendo um fantasma na hora do pânico, ao ver
o mesmo Jesus andando por sobre as águas:
"E,
vendo que se fastigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da
quarta vigília da noite aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria
passar-lhes adiante. Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, acharam que era um fantasma, e deram
grandes gritos" (cf. Marcos 6:48,49)
Qualquer um sabe
que fantasmas não existem de verdade. E eu tenho certeza que na teologia dos
apóstolos também não havia lugar para tal crendice popular. Mas, na hora do
desespero, eles gritaram apavorados, confundindo Jesus com um
"fantasma", ainda que fantasmas não existam. Da mesma forma, quando
Jesus apareceu "do nada" dentro da casa onde eles estavam reunidos a
portas fechadas, o pânico tomou conta dos discípulos de tal forma que eles, a
exemplo da ocasião anterior em que pensavam estar vendo um
"fantasma", acharam que era um "espírito".
Nada indica se
esse "espírito" que eles achavam que Jesus era fosse um espírito humano incorpóreo, como creem os
imortalistas, pois anjos e demônios também são espíritos, e na hora do
desespero até fantasmas (que são
popularmente conhecidos como sendo espíritos)
eram cridos pelos discípulos, o que não implica na existência real deles. Esse
"ser" que eles achavam estar vendo podia ser, na imaginação deles,
qualquer coisa, visto que por várias ocasiões as pessoas não reconheceram
Jesus, como no alto mar (cf. Mc.6:48,49), na travessia de Emaús (cf. Lc.24:16),
ou na pescaria que também ocorreu depois da ressurreição (cf. Jo.21:4):
"E,
sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não
reconheceram que era Jesus" (cf. João 21:4)
"Mas
os olhos deles estavam como que fechados, para que não o reconhecessem"
(cf. Lucas 24:16)
"E,
vendo que se fastigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da
quarta vigília da noite aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria
passar-lhes adiante. Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, acharam que
era um fantasma, e deram grandes gritos" (cf.
Marcos 6:48,49)
Portanto, podemos
ver que:
•
Os discípulos estavam apavorados, como quando pensavam estar vendo um fantasma,
pois não é normal que uma pessoa entre "do nada" no meio de uma casa
que estava às portas fechadas, com medo dos romanos.
•
Os discípulos, como em outras ocasiões, não estavam reconhecendo Jesus.
•
No desespero e sem reconhecer quem era, pensaram que era um
"espírito", semelhantemente a quando creram que estavam vendo um
"fantasma" na outra ocasião.
•
Não é possível precisar ao certo que tipo de espírito eles acreditavam que era
no momento do pânico, visto que anjos e demônios também são espíritos, e que
crendices populares como fantasmas também são considerados como sendo
espíritos.
•
Jesus, por sua vez, não poderia responder dizendo que "espíritos não
existem", pois estaria negando a existência de espíritos que realmente
existem, como anjos, demônios e o próprio Deus, que é espírito. Não é porque
existem determinadas crendices populares falsas (como a crença em fantasmas e
em espíritos humanos desencarnados, como no espiritismo) que não existe nenhum
tipo de espírito.
•
Ao dizer que um espírito não tem carne nem ossos, Jesus acalmou os ânimos dos
discípulos, para que não mais pensassem estar vendo algum ser misterioso, como
um fantasma ou algum espírito do mal. É muito pouco provável que os discípulos
acreditassem que se tratasse do próprio
Senhor Jesus em forma incorpórea, pois se os discípulos tivessem
identificado Jesus ali, ainda que em forma incorpórea, teriam ficado felizes, jubilosos,
exultantes ao reverem o Mestre. Se eles ficaram com medo e pensaram estar
vendo "um espírito", é porque eles
não reconheceram Jesus, a não ser que tivessem medo de Jesus!
Evidentemente, o medo deles não era se Jesus estava em estado corpóreo ou
incorpóreo, mas sim se aquilo que eles viam fosse alguma coisa digna de medo,
como quando eles achavam estar vendo um fantasma e se amedrontaram, porque não
sabiam que era Cristo.
Concluindo, não
há absolutamente nada conclusivo em Lucas 24:39 que ao menos indique que a alma
humana é imortal. Todo o texto pode ser perfeitamente entendido e plenamente
assimilado tendo em vista a ótica mortalista e bíblica, sem a necessidade de
implicar na existência de um elemento eterno e que sobreviva com consciência à
parte do corpo após a morte. Os imortalistas tem que, a todo custo, forçar a interpretação da passagem para
que favoreça a interpretação deles. O espírito não pode ser outra coisa senão
um espírito humano, os discípulos não
poderiam estar enganados pelo pânico como quando achavam estar vendo um
fantasma, e Jesus tinha que ter dito que espíritos não existem, mesmo que isso
fosse impossível já que anjos, demônios e o próprio Deus são espíritos. Tudo
isso fruto da misteriosa forma de formular argumentos, inventada pelos
imortalistas.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
Extraído de meu livro: "A
Lenda da Imortalidade da Alma"
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- Preterismo em Crise (Refutando o Preterismo Parcial e Completo)
O que dizer da ressurreição dos mortos? Como eles ressuscitarão: com o mesmo corpo com que morreram ou com corpos imortais, semelhantes ao corpo que Jesus ressuscitou?
ResponderExcluirPaulo fala em corpos corruptíveis e incorruptíveis, quando cita a ressurreição. O que você pensa a respeito disso para justos e injustos? Haverá diferença entre o corpo de um e de outro na ressurreição?
Será que os injustos poderiam ressuscitar com corpos incorruptíveis (no sentido de morte física) e serem destruídos no lago de fogo, pois a segunda morte tem poder para matar corpo e alma?
Obrigado.
Sobre o corpo da ressurreição, veja este artigo:
ResponderExcluirhttp://ocristianismoemfoco.blogspot.com.br/2015/07/ressuscitaremos-em-carne-ou-em-corpo.html
Em relação aos ímpios, eles não terão corpos incorruptíveis e imortais, o que fica bastante claro pelos seguintes textos:
"Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade" (Romanos 2:7)
Se a imortalidade precisa ser BUSCADA, é porque nem todos serão imortais.
Vamos ao próximo:
"Sendo agora revelada pela manifestação de nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho" (2a Timóteo 1:10)
Se a imortalidade só é conquistada POR MEIO DO EVANGELHO, então aqueles que estão fora do evangelho (salvação) não serão imortais.
Vamos ao próximo:
"Quem semeia para a sua carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gálatas 6:8)
Só os justos colherão vida eterna, e os demais colherão CORRUPÇÃO, o que é o oposto a herdar um corpo incorruptível.
Conclusão: só os justos ressuscitarão em corpos glorificados, espirituais, imortais e incorruptíveis. Os ímpios ressuscitarão em corpos naturais, carnais, mortais e corruptíveis.
Abraços.