A Igreja Católica trata o destino dos
pecadores como condenados a um inferno de tormento eterno como um ponto de fé
indiscutível. E, para isso, eles se utilizam de algumas interpretações
distorcidas dos textos bíblicos, que mais servem de prova contra eles do que a
favor, as quais eu refuto com mais exaustão e amplitude em meu livro sobre o
tema: A Lenda
da Imortalidade da Alma, e aqui farei apenas breves comentários
sobre cada passagem.
-O “Fogo Eterno”
Os imortalistas argumentam que a linguagem
bíblica acerca do “fogo eterno” implica necessariamente que os ímpios passarão
de eternidade em eternidade queimando em meio às chamas como em um processo
infindável. Porém, a linguagem bíblica acerca de fogo eterno é bem diferente
disso. Biblicamente, fogo eterno é uma linguagem aplicada para os efeitos
irreversíveis da destruição, e não para um processo literalmente
sem fim.
Para explicar isso com exemplos práticos à
luz da Sagrada Escritura, basta vermos aquilo que Deus diz sobre Edom:
“Os ribeiros de Edom se
transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche
ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a
sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o
sempre ninguém passará por ela” (Isaías 34:9-10)
Onde é que estão os edomitas? Já
desapareceram há muitíssimo tempo e na sua terra o fumo não está subindo nem
queimando e muito menos o piche está ardendo até hoje. Mas seria de se esperar
que víssemos um fogo literalmente queimando até os dias de hoje como em um
processo sem fim na terra de Edom, no caso da linguagem de “fogo eterno” (“nem de noite nem de dia se apagará... subirá para
sempre a sua fumaça... de geração em geração será
assolada”) implicasse naquilo que os imortalistas afirmam que
implica.
Os ribeiros de Edom não estão queimando até
hoje. O fogo que Deus enviou sobre Edom não durou de “geração
em geração” em sentido literal. Nem tampouco vemos alguma fumaça
subindo de lá em tempo contínuo e ininterrupto. Qualquer um poderia olhar para
essa descrição e pensar: “Deus mentiu! A
Bíblia é uma farsa! Viva o ateísmo! Viva Dawkins”! Não tão cedo. Só
pensa que a profecia bíblica não se cumpriu se estiver com um conceito errado
daquilo que o “fogo eterno” signifique.
Se olharmos pela ótica imortalista,
realmente, a profecia falhou e a Bíblia mente. Mas, se olharmos exegeticamente,
apenas constatamos que o fogo eterno é uma linguagem bíblica para uma destruição
irreversível causada pelo fogo. Em outras palavras, o fogo que
consumiu Edom a deixou em ruínas para sempre (“eterno”), não por estar
queimando até hoje, mas porque os efeitos da destruição
são eternos (irreversíveis). Da mesma forma, lemos Deus dizendo aos israelitas:
“Mas, se não me ouvirdes, e,
por isso, não santificardes o dia de sábado, e carregardes alguma carga, quando
entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então, acenderei fogo nas
suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém e não se
apagará” (Jeremias
17:27)
Aqui vemos que Deus disse que se o povo
israelita deixasse de santificar o sábado, ele iria acender fogo nas portas da
cidade que “não se apagará”. Lemos em
2ª Crônicas 36:19-21 que esta profecia se cumpriu. A cidade está queimando até
hoje? É claro que não! Os palácios antigos da cidade nem existem mais, muito
menos estão queimando até hoje.
As portas da cidade também não estão em
chamas. Então, o que aconteceu com a profecia bíblica? Não se cumpriu? Deus
falhou? Pelo contrário: a profecia se cumpriu perfeitamente, quando temos em
vista o significado real do termo “fogo eterno” ou “que não se apagará”. Como
já vimos, este fogo eterno significa uma destruição completa e irreversível,
cujos efeitos são permanentes.
No caso da profecia acima, o fogo realmente
destruiu completamente os palácios de Jerusalém, que simplesmente deixaram de
existir – não estão até hoje entre as chamas. No caso dos ímpios, é a mesma
coisa que acontecerá: serão consumidos completamente pelo fogo eterno, isto é,
serão completamente consumidos de modo irreversível. Deus também disse sobre a
floresta do Neguebe:
“Diga à floresta do Neguebe:
Ouça palavra do Senhor. Assim diz o Soberano, o Senhor: Estou a ponto de
incendiá-la, consumindo assim todas as suas
árvores, tanto as verdes quanto as secas. A chama abrasadora não
será apagada, e todos os rostos, do Neguebe até o norte, serão
ressecados por ela. Todos verão que eu, o Senhor, acendi, e não
será apagada” (Ezequiel
20:47,48)
Notem que Deus diz que essa floresta
seria “consumida” e que o
fogo “não seria apagado”. Essa
linguagem é exatamente a mesma que Deus emprega para o destino final dos
ímpios: serão “consumidos” (Sf.1:18;
Lc.17:27-29; Is.47:14; Sl.21:9; Jó 20:26-29; Ap.20:9; Is.26:11;
Naum 1:10; Sl.21:9; Lc.17:27-29) pelo “fogo eterno” (Mt.25:41;
18:8).
Para os imortalistas, essa linguagem
bíblica de consumir pelo fogo eterno significa o prosseguimento eterno de vida,
queimando em meio às chamas de um inferno eterno. Já pela Bíblia, vemos que
essa mesma linguagem é expressa para tratar das florestas do Neguebe, que
seriam “consumidas” (Ez.20:47) por
um fogo que “não seria apagado” (v.48).
E as florestas do Neguebe estão queimando até hoje? Não! Não!! Não!!! Mil
vezes: não!
Portanto, a linguagem bíblica de consumir
por um fogo eterno que não é apagado não implica no prosseguimento eterno de
vida através de um processo infindável em meio às chamas em algum lugar, mas
sim na extinção completa do sujeito, com efeitos eternos (permanentes),
assim como ocorreu com a floresta do Neguebe (Ez.20:47,48), com os palácios de
Jerusalém (Je.17:27), com os ribeiros de Edom (Is. 34:9-10) e com Sodoma e
Gomorra:
“De modo semelhante a estes,
Sodoma e Gomorra e as cidades ao redor se entregaram a imoralidade e a relações
sexuais antinaturais, foram postas como exemplo,
sofrendo a pena do fogo eterno” (Judas 7)
Judas chama o fogo que caiu sobre Sodoma e
Gomorra (registrado em Gênesis 19:24) de “fogo eterno”. Porém, será
que em Sodoma e Gomorra está entre chamas até os dias de hoje? Certamente que
não! No lugar, atualmente, encontra-se o Mar Morto. Não há fogo eterno dentro
do Mar Morto, e o fogo que caiu sobre Sodoma e Gomorra serviu para consumir
completamente as cidades e exterminar por completo os seus habitantes, e
não deixá-los para sempre em meio àquelas chamas, embora Judas tenha chamado de
“fogo eterno”!
O que mais impressiona é que Judas diz que
este fogo “eterno” que caiu sobre Sodoma e Gomorra era uma figura (tipologia)
do fogo eterno do dia do Juízo Final, o que se deduz claramente da frase que
ele diz: “...foram postas como exemplo”.
Em outras palavras, aquilo que aconteceu com Sodoma e Gomorra será o mesmo que
ocorrerá com os pecadores no dia do Juízo. Por acaso Sodoma e Gomorra sofrem
entre as chamas até hoje? Por acaso o fogo que caiu naquelas cidades serviu
para exterminar por completo tudo e todos, ou para continuar
queimando para sempre?
A resposta é óbvia: o exemplo de Judas
elucida bastante a questão e nos mostra com clareza incontestável a verdade
bíblica do aniquilamento dos ímpios pelo “fogo eterno”. Poderia passar mais
quinhentas passagens que tratam disso, mas por enquanto chega, isso é só um
artigo, quem quiser leia o meu livro com mais de 850 mil caracteres sobre isso.
O resumo de tudo isso é o seguinte: o fogo
eterno não é uma linguagem que expressa tormento
eterno, consciente e infinito como em um processo, mas sim uma linguagem
que denota claramente um aniquilamento (cessação completa de vida) com efeitos
eternos (irreversíveis) para aquele que sofrer este dano da segunda morte. Ou
seja, o fogo é eterno em seus efeitos, e não em seu processo. Qualquer
principiante de Bíblia consegue perceber isso quando se depara com todas as
evidências bíblicas.
Antes de terminar, penso ser útil passar o
repertório bíblico de aniquilamento dos ímpios (onde em meu livro eu cito
aproximadamente 175 passagens em sequencia, aqui irei apenas fazer um breve
resumo de citações, quem quiser pode ir conferir cada uma delas). Biblicamente,
vemos que os ímpios serão:
-eliminados (cf.
Pv.2:22; Sl.37:9; Sl.37:22; Sl.104:35; Is.29:18-20), destruídos (cf.
2Pe.2:3; 2Pe.2:12,13; Tg.4:12; Mt.10:28; 2Pe.3:7; Dt.7:10; Fp.1:28; Rm.9:22;
Sl.145:20; Gl.6:8; 1Co.3:16,17; 1Ts.5:3; 2Pe.2:1; Sl.145:20; Sl.94:23; Pv.1:29;
1Ts.5:3; Jó 4:9; Sl.1:4-6; Sl.73:17-20; Sl.92:6,7; Sl.94:23; Pv.24:21,22;
Is.1:28; Is.16:4,5; Is.33:1; Lc.9:25; Gl.6:8; 1Ts.1:8,9), arrancados (cf.
Pv.2:22), mortos (cf. Jo.8:24; Jo.11:28; Jo.6:47-51;
Is.65:15; Rm.6:23; Is.11:4; Pv.11:19; Sl.34:21; Rm.8:13; Sl.62:3; Pv.15:10;
Tg.1:15; Rm.8:13; Pv.19:16; Is.66:16; Je.12:3; Rm.1:32; Ez.18:21; Ez.18:23,24;
Ez.18:16,28; 2Co.7:10; Rm.6:16; 2Co.3:6; Hb.6:1), exterminados (cf.
Sl.37:9; Mc.12:5-9; At.3:23), executados (cf.
Lc.19:14,27), serão devorados (cf. Ap.20:9; Jó 20:26-29;
Is.29:5,6; Sl.21:9), se farão em cinzas (cf. 2Pe.2:6;
Is.5:23,24; Ml.4:3), não terão futuro (cf. Sl.37:38;
Pv.24:20), perderão a vida (cf. Lc.9:24), serão consumidos (cf.
Sf.1:18; Lc.17:27-29; Is.47:14; Sl.21:9; Jó 20:26-29; Ap.20:9; Is.26:11; Naum
1:10; Sl.21:9; Lc.17:27-29), perecerão (cf. Jo.10:28; Jo.3:16; Sl.37:20;
Jó 4:9; Is.66:17; Sl.37:20; Sl.68:2; Sl.73:27; At.13:40,41; Is.1:28;
Is.41:11,12; 1Co.1:18; Rm.2:12; 2Co.4:3; 2Co.2:15,16; Lc.13:2,3; Lc.13:4,5;
2Ts.2:10), serão despedaçados (cf. Lc.20:17,18; Mt.21:44;
1Sm.2:10), virarão estrado para os pés dos justos (cf.
At.2:34,35),desvanecerão
como fumaça (cf. Sl.37:20; Sl.68:2; Is.5:24), terão
um fim repentino (cf. Sf.1:18; Pv.24:21,22; Is.29:5,6; 1Ts.5:3;
Is.29:18-20; 2Pe.2:1), serão como a palha que o vento leva (cf.
Sl.1:4-6; Is.5:24; Is.29:5,6), serão como a palha para ser pisada pelos
que vencerem (cf. Ml.1:1,3; Mt.5:13; Hb.10:12,13), serão
reduzidos ao pó (cf. Sl.9:17; Is.5:24; Is.29:5,6; Lc.20:17,18;
Mt.21:44; 2Pe.2:6), desaparecerão (cf. Sl.73:17-20; Is.16:4,5;
Is.29:18-20), deixarão de existir(cf. Sl.104:35), serão
apagados (cf. Pv.24:20), serão reduzidos a nada (cf.
Is.41:11,12; 1Co.2:6),serão como se nunca tivessem existido (cf.
Ob.1:16), serão evaporados (cf. Os.13:3), será lhes tirada a vida (cf.
Pv.22:23; Jo.12:25), e não mais existirão (cf. Sl.104:35;
Pv.10:25).
Cabe ao leitor honesto e pensante discernir
se essa linguagem bíblica se parece mais com aniquilamento ou com um tormento
infinito com consequente subsistência eterna de existência...
E, antes de terminar, deixo aqui um desafio
a todos os que seguem a doutrina católica do tormento eterno do inferno:
-Que me tragam um único
exemplo bíblico onde comprovadamente um “fogo eterno” está queimando
literalmente até os dias de hoje como em um processo infindável de dias.
Ficarei imensamente grato por isso.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu
Reino,
Lucas Banzoli.
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-Não deixe de acessar meus outros sites:
- Preterismo em Crise (Refutando o Preterismo Parcial e Completo)
Muito bom!
ResponderExcluirPaz, irmão Lucas.
ResponderExcluirEntendi que o fogo eterno possa significar perfeitamente um processo finito, efeito irrevogável da aplicação ira de Deus vindoura sobre os filhos da desobediência.
Muito obrigado, fica na Paz.
Meu amado irmão vc poderia ser um pouco mais objetivo em quem você é ou em que você crer? Poderia explicitar sua corrente teológica e Denominação. Vc é um pastor? Se sim, de que Igreja? Se não, poderia nos informar. Têm Líderes? Gostei do blogger e gostaria de usá-lo como ref. para tese de bacharelado. Att. Flavio S. de Jesus. e-mail: fdsolucoesdigitais@gmail.com
ResponderExcluirSobre no que eu creio, você pode ler aqui:
ResponderExcluirhttp://apologiacrista.com/no-que-creio
Sobre quem sou eu, você pode ler aqui:
http://apologiacrista.com/quem-sou-eu
A minha igreja é a Comunidade Alcance de Curitiba, mas eu não exerço cargo de pastor ali.
Abs!
paz irmão, li seu artigo sobre O ESTADO DOS MORTOS e estava realmente concordando com o irmão,mas eu me lembrei do texto de Jesus eo ladrão da cruz, Ele diz que - ainda "hoje" estarás comigo no paraiso, como fica essa passagem em relação ao seu artigo ? E a passagem do vale dos ossos secos não se refere a ISRAEL e sua restauração?
ResponderExcluirOlá, sobre o ladrão da cruz eu escrevi aqui:
ResponderExcluirhttp://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/07/estudo-completo-sobre-lucas-2343-hoje.html
O vale dos ossos secos fala da restauração de Israel sim, só não sei o que isso tem a ver com a questão da alma ser imortal ou não...
Abs!
Paz do Senhor Jesus.
ResponderExcluirSe a alma é mortal e o espirito torna a Deus que o criou, o que dizer da parabola do rico e Lazaro que se encontra em Lucas 16: 19-31
como eu faço para comprar o seu livro??
ResponderExcluirVeja aqui:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html